05 setembro 2017

História - DKW Candango

A DKW Vemag foi um carro que marcou os anos sessenta no Brasil. Fabricada pela Vemag sob a licença da Auto Union Alemã, foi o primeiro carro com tração dianteira a ser fabricado no país, e possuía o motor dois tempos de três cilindros, que proporcionava uma manutenção incrivelmente simples com uma boa potência. 

O que poucos conhecem ou lembram é que a marca também lançou um veículo utilitário aqui no país, o DKW Candango, ou o Jipe DKW. 


A história do Candago começa em 1954 quando três fabricas foram convidadas a apresentar exemplares de veículos 4x4 para o exercito alemão. A Auto Union competiu com a Porsche e a Goliath-Werk, com seu veículo de três cilindros e motor dois tempos, o F91 ou "Mehrzweck Universal Gelandewagen mit Allradantrieb" (auto veículo fora-de-estrada com tração integral para usos gerais), que ficou conhecido como Munga.

Como os modelos 31 e 34 apresentados pela Goliath acusaram problemas de cambio e transmissão e o 597 da Porsche era excessivamente caro, o Munga  com sua suspensão independente, chassi reforçado, motor dois tempos com apenas sete partes em movimento e manutenção simples foi escolhido para entrar em produção.  


O Munga foi apresentado ao publico no 38º Motor Show internacional de Frankfurt no outono de 1957 e se tornou um grande sucesso. O veículo com sua concepção robusta era utilizado também pela polícia, assim como para uso civil em locais com estradas de difícil acesso. Sua produção seguiu até 1968 com 46,750 veículos produzidos.




No Brasil


No Brasil o Munga começou a ser fabricado em 1958 pela Vemag (Veículos e Máquinas Agrícolas) sob licença da fabrica Alemã. E mesmo antes de começar a produzir o primeiro automóvel nacional a Vemag já anunciava o Jipe DKW-Vemag, que inicialmente era uma cópia do Munga-4 Alemão. 

O Jipe DKW foi lançado com motor de 900cc, mas a partir de 1959 os modelos Vemag ganharam o motor 1000cc que acompanhava a evolução da empresa alemã. Somente em 1960 é que a empresa alterou o nome do “Jipe” para Candango em homenagem aos trabalhadores que construíram Brasília.

Os primeiros Candangos (ainda produzidos com o nome Jipe DKW) possuíam a abertura das quatro portas de maneira convencional, mas ela foi logo abandonada a favor das portas dianteiras 'suicidas' com abertura para frente, igual á dos automóveis da marca. Outra diferença entre o Munga e o Candango era a grade dianteira, que foi modificada, mas manteve o protetor quebra-mato. 

Como era um veículo 4x4 e destinado principalmente ao exercito e a atividades ligadas a agricultura ou movimentação em estradas de baixa qualidade, a empresa esperava o mesmo nível de aceitação do Munga no Brasil, mas devido á falta de interesse (principalmente dos militares) o Candango teve sua produção encerrada prematuramente em 1963.

Durante sua produção no Brasil o Candango possuiu apenas dois modelos, o Candango 4 e o Candango 2. A diferença é obvia sendo que o Candango 4 possuía tração nas quatro rodas, enquanto o dois possuía tração apenas nas rodas dianteiras. O modelo Praiano era apenas uma simplificação do Candango 2, que era fornecido somente na cor azul claro, sem portas nem capota, e sua produção foi bem reduzida. 

Apesar de existir alguns modelos 'fechados' a Vemag nunca produziu as capotas de aço para o Candango, entregando o veículo apenas com uma capota de lona. As capotas de aço eram produzidas em diferentes modelos por empresas independentes. 

A Vemag produziu o total de 7,848 unidades do Candango no Brasil entre 1958 á 1963. 


Curiosidades 


O Candango brasileiro teve dois modelos apresentados pela Vemag que nunca chegaram a ser produzidos. O primeiro foi o Candango Arpoador em 1960, que era um  ‘carro conceito’ da empresa que possuía bancos forrados com tecido xadrez e teto rígido, deixando o modelo mais 'tropical', algo muito na moda na Europa nos anos sessenta.

Candango Arpoador 

O arpoador nunca foi lançado, mas seu projeto deu origem ao Candango Praiano lançado em 1962.
Também em 1962 no Salão do automóvel a Vemag apresentava o Candango - 2D, com alavanca de cambio na coluna de direção, rodas menores, suspensão especial, cambio totalmente sincronizado, revestimento e capota especiais e cor branco pérola. Infelizmente este modelo nunca chegou á linha de montagem. 

Candango 2D

DKW?


Apesar de muito se falar no nome dessa pequena maravilha, poucos sabem o real significado das siglas utilizadas pela Auto Union. Mas DKW significava inicialmente "Dampf-Kraft-Wagen" ou Carro de Força a Vapor, já que inicialmente a fábrica vendia pequenos motores a vapor.

Foi em 1916 que o engenheiro Dinamarquês Jørgen Skafte Rasmussen fundou uma fabrica em Zschopau na Alemanha para produzir motores a vapor, naquele mesmo ano ele tentou fabricar um carro a vapor que chamou de DKW. Apesar de não ter sucesso com o carro, em 1919 ele construiu um motor de brinquedo de dois tempos que chamo de Des Knaben Wunsch  (O desejo do menino). Ele utilizou uma versão levemente alterada desse motor na construção de uma motocicleta que chamou de Das Kleine Wunder ou A Pequena Maravilha, que acabou sendo utilizada como a marca da empresa. Nos anos vinte a DkW já havia se tornado a maior fabricante de motocicletas do mundo.

No Brasil o total de veículos produzidos pela Vemag entre os modelos sedã Belcar, a camioneta Vemaguet e suas derivadas "populares" a Caiçara e a Pracinha, o jipe Candango e o cupê Fissore, foram pouco mais de 115.000 unidades. Em 1967 a Vemag foi comprada pela Volkswagen que encerrou a linha de produção do motor dois tempos e as DKWs.

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