20 setembro 2017

História - Miura

Como hoje é 20 de Setembro vamos falar sobre um ilustre Gaúcho que fez sucesso até mesmo no exterior. Um Gaúcho que em uma época onde carros importados ainda eram um sonho distante, e muitas montadoras mantinham os mesmo modelos por anos sem grandes mudanças, ousou ser esportivo, luxuoso e inovador. Sim, estamos falando do Miura.


Nos anos setenta a restrição de importação de carros (que durou até a década de 90) e os poucos modelos esportivos oferecidos pelas montadoras, fez surgir um grande número de veículos artesanais, que na maioria das vezes utilizavam mecânica Volkswagen e carroceria em fibra de vidro. Muitos desses carros se tornaram um sucesso entre o publico que procurava exclusividade, mas nenhum conseguiu o mesmo nível de acabamento e luxo do Miura.

A história do Miura começa em 1974 quando os sócios Aldo Besson e Itelmar Gobbi (proprietários da Aldo Auto Capas) perceberam que havia espaço no mercado brasileiro para um carro esportivo que possuísse uma mecânica simples ou já bem conhecida, mas com a beleza e sofisticação do designe europeu. Com a proibição da importação de carros em 1976 o projeto ganhou mais força, e eles contrataram o designer Nilo Laschuk que possuía experiência em carrocerias de fibra de vidro.

Com faróis escamoteáveis, interior luxuoso, vidros de portas sem quebra vento, limpadores de para-brisa que só eram visíveis quando em funcionamento  e motor traseiro, o Miura com sua carroceria em fibra de vidro lembrava muito os esportivos europeus, e em uma época de carros arredondados seu desenho de linhas retas era uma grande inovação no país. Fabricado sobre a plataforma Volkswagen ele era relativamente longo com 4,30 metro e baixo 1,17m, mas era mais pesado que os veículos da montadora, pesando mais de 900Kg.

A mecânica possuía um desempenho modesto para um veículo considerado esportivo. Utilizando o motor 1600 de carburação dupla do Fusca, câmbio e suspensão de Brasília, o Miura chegava a 135 Km/h  com aceleração de 0 a 100 em cerca de 23 segundos. 



O Miura Targa foi lançado em 1982, com linhas parecidas com o antecessor, mas com chassi tubular de aço e motor de Passat na dianteira. O Targa usava a suspensão dianteira McPherson e eixo rígido na traseira, que eram mais eficientes. Agora com menos peso e motor mais potente o Miura alcançava bom desempenho. No final de 82 era lançado também o modelo conversível Spider, que utilizava a mesma mecânica do Targa.

Em 1984 foi lançado o Saga, um cupê três volumes com 4,53 metros de comprimento e 2,58 entre eixos era o mais amplo dos Miuras e utilizava o motor 1.8 do Gol GT da Volkswagen. Em 1986 o Saga com todos seus opcionais era mais caro que o Alfa Romeo 2300, fazendo do Miura um dos carros mais luxuosos do país. O modelo trazia inovações como as travas elétricas nas portas acionadas por controle remoto, um sistema de mídia com um pequeno televisor no centro do painel, ar condicionado e bar refrigerado no banco traseiro. Mas o maior requinte dos modelos era o sintetizador de voz, que pedia ao motorista para colocar o cinto, avisava se o freio estacionário estava acionado, pedia para travar as portar ou se o carro precisava ser abastecido. Além do painel completo o carro ainda possuía teto solar, equalizador no sistema de som e volante com ajuste elétrico.

Muitas dessas inovações eram raras até mesmo em veículos estrangeiros na época, e a maioria demorou décadas para ser incorporada pelas montadoras nacionais.

Em 1988 o Miura passou a usar o motor 2.0 a álcool de 110cv do Santana. O Saga agora redesenhado ganhou o nome de X8, que passava a ter um vidro envolvente no porta malas (lembrando muito o Corvette), possuía ainda teto com pintura preto fosco e o mais exótico (ou estranho) de todos os itens: luzes de neon que envolviam os para-choques.  Em 1990 o Miura passou o usar injeção eletrônica do Gol GTi, amortecedores com controle de carga no painel e freio ABS.

Um detalhe interessante sobre a história do Miura é que o carro foi exposto no North Miami Beach Auto Show de 1988, e se tornou um grande sucesso da feira, gerando mais de 4.000 pedidos. Os carros usariam a assistência técnica da Chrysler e motores e transmissão do Dodge Daytona. Infelizmente o acordo com a montadora norte americana não se concretizou e apenas dois carros foram vendidos.

Infelizmente o Miura não sobreviveu a chegado dos importados no inicio dos anos noventa, e sua produção foi encerrada em 1992. Um carro a frente do seu tempo, que trouxe ao Brasil tecnologias que eram ainda inéditas na indústria automobilística nacional e até hoje é o sonho de consumo de muitos brasileiros. 




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